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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O monstro da lagoa

                                                                                                     setembro 2016

1 comentário:

Jonas Chateaubriand disse...

Outros tempos, estes que vivemos! As fotografias não são mais reconhecíveis (isto é: aceites de pleno direito como fotografias) pelo seu conteúdo ou pela tradição (fotográfica) que assumem/contrariam, mas pela sua textura: a fotografia digital veio excluir o táctil da sua apreciação ao acabar com o grão (sim, é certo que está a voltar, mediante expedientes digitais; mas dentro de certos - e paradoxais - limites), e sendo a fotografia digital, hoje em dia, hegemónica, o seu aspeto liso atrai, ao contrário das superfícies rugosas, patenteadas pelas fotos analógicas, que o olhar hodierno recusa.
Vem isto a propósito das duas últimas fotos aqui apresentadas: lisa e bem definida, a foto de AC seduz; de um granulado descomunal (também, raio de ideia de exibir fotografias em que os grãos têm dimensões de batatas!), a de CX repele. Nenhuma delas é uma imagem notável e não mereceria, por isso, que se desse por ela; mas a de CX é mais interessante que a de AC... Um olhar interessado em conteúdos acolheria a foto daquele e rejeitaria a esterilidade da deste, ao contrário do que, afinal, sucede. A fotografia, que sempre foi bidimensional literalmente e tridimensional em termos fantasistas está prestes a perder esse seu valor-fantasia. Aproximamo-nos do ponto em que se assumirá, com toda a naturalidade, a velha piada: "interessante como ver tinta a secar numa parede".